sábado, 22 de dezembro de 2012

Do lixão... nasce a dor [Por Markão Aborígine]



As pipas dividem espaço com urubus
Na pista não há rolimãs, mas carretas.
O dia se passa em pouca luz
Se respira em um eclipse de poeira

Lonas, madeiras, pedaços de telha, pregos expostos.
O piso batido, fios, emendas, sustentam esforços.
Trabalho diário, raro descanso, sonho pretérito.
Pra que no futuro não haja trator ou tumulto,
a derrubar o lar, o teto.

Singela morada que externiza orgulho
Apenas uns palmos num canto do mundo
Apenas a mata que fica nos fundos
Da câmara, senado, ou debaixo de viadutos.

Sobras de obras viram carroças que por horas trafegam
Levam pra casa o que sua casa nega
O resto, o podre, o que se perdeu
que a promoção não vendeu
Fora de moda agora são velhas

A compra do voto em camisa impressa
Comumente usada de sul a norte
Trazem a certeza de falsas promessas
Pois vestem elas e não uniformes

Pro aumento da renda a infância não dorme
Na noite procura, vasculha o lixo.
Aguarda descarga proveniente do shopping
Mas o cansaço é forte acaba dormindo

Em cima do monte de produto vencido
Faz deste mesmo lixo o seu cobertor
Ao amanhecer família chora
Criança foi morta, esmagada por um trator.

Por Markão Aborígine

[Trechos de http://youtu.be/MvvEIDSD5Vc]

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Direitos humanos. [Por Lucas Rap]

Direitos humanos

Que Dia lindo, acordei com o ar da liberdade.
Ouvir dizer que aconteceu a marcha pela igualdade.
Respeitamos a cada um, nessa diversidade.
Se
gurança tem! Pela polícia e não sofremos atos covardes.

Nesse país não há guerra.
Aaaaah, e nunca se ouve falar de movimento sem terra.
Todos possuem a sua devida propriedade,
Trabalhos são exercidos pela pura vontade.

Sempre que reivindicamos nossos direitos,
De certa forma eles são aceitos.
Não esperamos e nem morremos em fila de hospital,
Pois, a dignidade humana aqui é fundamental.

Homens e mulheres sem nenhuma distinção.
Ando pelas ruas e só vejo sorrisos no rosto de cada cidadão.
- Lucas, Lucas, Lucas... Ta na hora de acorda!
-Vix... Outra vez tornei a sonhar!

-Direitos humanos. Existe?
-Deve existir, mas não nesse lugar!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Cinema e poesia este sábado em Samambaia


Neste sábado, dia 27 de outubro ocorre mais uma edição do CineClube Câmbio Negro com apresentação dos vídeos Três Meninas e Meio Século. Vídeos que narram e debatem sobre Samambaia, ambos gravados no Parque Três Meninas.

A cidade completou esta semana 23 anos e o evento vem a dialogar e sobretudo a refletir sobre as lutas da comunidade.

Ocorre ainda uma integração junto ao Sarau Samambaia Poética onde haverá poesia com Dr.Paulo,Luiz Vieira [este que será homenageado] pioneiro da cidade, música com Bya Costa, Paralelo Rock e Aborígine, lançando a música O Chafariz.

Compareça!

O que? CineClube Câmbio Negro
Onde? Praça da Qr 406, em frente ao Rei do Pastel - Samambaia Norte
Hora? A partir das 20hs
Entrada? Traga 1kg de alimento e sorrisos

Organização: Coletivo ArtSam & Poesia em Coletivo
Informações: 9602 6711

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

MC Murcego: A outra face da história



MC Murcego me apesento, pronto pra guerra,
Nasci no Bonfim vim das ruas de pedra,
Onde a historia esconde o sangue e o suor de quem ergueu a Igreja Matriz,
Que se esquece da gloria de quem não se rendeu a cicatriz,

Das lagrimas que correram da almas,
Dos calos que perfuraram as palmas,
Do açoite que feriu a carne e o orgulho,
Deixando no meio da esperança um grande furo,

E nas paginas dos livros escreveu falsos contos,
E escondeu a sete chaves debaixo dos escombros
Lebranças e memorias,
Da outra face da historia

Do passado deixou mentiras e maldade,
Mais eu sou cabeça preta, sou ira no combate,
Nas frases nas bases represento nas palavras,
De punhos fechados senti a força da pancada,

Minha arma é poesia,
meus versos tem semente,
Intolerância e poder
não alienam minha mente,

Em Pirenopólis eu vejo mortes, abuso de poder,
Mãe desesperada com vontade de morrer,
Em momentos de tristeza de dor de desespero,
Nesse mundo sem amor, vive em prisão, cativeiro,

Filhos inglorios genocidas,
Destruidores de família,
Pra preto e pobre, porta na cara,
Te joga na cela rouba sua vida e te mata
Agora um grito de basta, o rap entra na batalha,
Força que se alastra rima igual navalha,

Um pouco de coragem ao irmão desiludido,
Descendente de Zumbi não se esconde atrás do livro,
Na escola, na TV o preconceito, o desrespeito,
Ser obrigado a aprender suas mentiras seus conceitos,

O Brasil não foi descoberto, na verdade foi invadido,
Canalhas, escravizaram nosso povo, bando de bandido,
Se não acredita releia nossa historia,
Faça a soma da soma, o resultado é gloria,

Entre na escrita contra o capitalismo,
Do sonho ao pesadelo, pegue as minhas rimas e faça o seu livro.




MC Murcego:
Militante do Movimento Hip Hop na cidade Pirenopólis, interior goiano, navega entre o Rap, a poesia a militancia cultural. Utiliza sua música para fazer memória aos Griôs locais e as Guerreiras do Bonfim. Senhores e Senhoras que apresentam e narram a história da cidade, suas tradições e lutas.

Em minha primeira visita à cidade, numa madrugada, refletimos sobre a construção da beleza de Pirenopólis, tão aprecidada por turistas. Tal beleza é oriunda de trabalho escravo, são ruas de pedra e sangue.

MC Murcego tem seu trabalho reconhecido nacionalmente, em 2010 fora contemplado no Premio Preto Ghoez do Ministério da Cultura, dado seu comprometimento com a cultura e com o povo. Idealizador do Seminário e Festival Piri Rap realizado em 5º edições, integrante e educador do Ponto de Cultura Guaimbê, diagramador de livros, artista, pai e filho exemplar, MC Murcego é exemplo de vida e talento.


Por Markão Aborígine
Rapper e Conselheiro Tutelar do Distrito Federal

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Esta sexta tem cinema, poesia e reflexão em Samambaia!


O Coletivo ArtSam e Projeto Juventude, Cultura e Cidadania lançam nesta sexta feira o Circuito Milton Santos através de mostra itinerante do CineClube Câmbio Negro, que percorrerá quadras de Samambaia além das cidades Estrutural, Recanto das Emas e Ceilândia, exibindo e promovendo debates a partir do documentário Encontro com Milton Santos.

Nesta edição em parceria com o Grupo Réus e Escolinha de Futebol Unidos do Gueto, pretende-se realizar formação e mobilização da comunidade a cerca do abandono da Quadra de futebol de tal localizada, esta já há aproximadamente 10 anos sem reforma.

Além da mostra do filme Encontro com Milton Santos haverá Intervenção Poética com Henrique QI, Dr. Paulo, Alex HcTrês e Markão Aborígine.

Venha, traga sua cadeira e participe.

O que? CineClube Cambio Negro exibe Encontro com Milton Santos
Onde?
Qr 403, Conjunto 19, Conjunto 07 - Samambaia Norte
Hora? A partir das 20hs.

Informações: 9602 6711 e coletivoartsam@gmail.com

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sexta feira 13... Dia de Poesia


Esta edição do Sarau conta com lançamento de músicas, onde os grupos e artistas debaterão com o público sobre as letras, inspirações e objetivos.

Venha prestigiar o novo clipe do Comando Periférico, conhecer a 'Capital da Ilusão' com o #Quadrilha Intelectual e discutir o racismo com 'Resistência e Postura' ao som de Dr. Paulo.

O Sarau Samambaia Poética ocupa as ruas para levar ao povo informação e sorrisos. Esta edição conta com a pré estréia do filme 3MeninaS, gravado em Samambaia, além da participação do repentista Djalma Faustino e do músico Rodriggo Misquita.

A poesia é representada por Flavio Moura, Guilherme Arsenal, M.M.U, Markão Aborígine e Luiz Vieira. Haverão ainda quadrilha comunitária e palco aberto às manifestações.

E ae? Vai ficar de bobeira ou em bobeiras esta sexta? Venha apreciar um evento de grande qualidade... E o melhor DE GRAÇA.

O que: Sarau Samambaia Poética
Onde: Qr 120, Conjunto 18, Casa 02
Hora: A partir das 20hs

Informações: 9602 6711 (Falar com Markão)
Organização: Coletivo ArtSam, Projeto Poesia em Coletivo e Aborígine.


Para publicar suas poesias neste Blog,envie e-mail para: hiphopartsam@gmail.com

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Aborígine anuncia lançamento de Single #Andares



Dia 27 de julho! Data escolhida para o lançamento do Single #Andares, do artista brasiliense Aborígine.


Poesia musicada, trata do tema infância no Brasil, analisando o contexto social do país para expor situações de trabalho infantil, abandono e exploração sexual.


Com produção musical de Gibe e participação de Rodriggo Misquita, a canção apresenta um MC mais maduro e contundente. A mesma promete trazer o mesmo sentimento de Adolescencia em retratos, conhecida pela forte letra.


Andares, fora primeiramente composta como poesia e já compõe o livro do artista que vem sendo revisado, porém Markão Aborígine decidiu musica-la e lança-la, pois acredita que as informações podem colaborar com o decréscimo de situações de violência e exploração contra crianças e adolescentes.


Confira um trecho da canção:


... Enquanto em carvoarias se queima a pele, não se aquece a alma Do trabalhador, dia a dia, braço a braço A brasa aquecida não alimenta sua família em um rodízio farto Enquanto aguarda confira o MC declamando a música no Premio Sesc de música: http://www.youtube.com/watch?v=Q8akd7SJiVA

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quinta-feira, 15 de março de 2012

Capital Bar



Em um bar dos amigos festejando o aniversário
Um pede cerveja, o outro traçado
Engraçado, um adolescente e outro idoso
Comemorando 51 com aparência de 88

Ei, liga pra alguém ai, manda trazer uma CANABIS
Tive uma idéia melhor, alô JOHNNY WALKER tô no “BAR DA CAPITAL” traz um BALLANTINE’S!
E a ERVA? Hoje quero chapar...
Relaxa, isso é igual PEDRA, encontra em qualquer lugar

Eu to velho, mais até falando as cores em inglês estou
Fala ai... Verde? GREEN LABEL.
Preto? BLACK LABEl.
Vermelho? RED LABEL
Agora vermelho escuro! Te peguei (iirru)
Vermelho escuro é: REDBULL

Puta frio, eu todo agasalhado e tu ai de regata
Para de fazer BRAHMA, nem tá assim, sou igual pingüim na ANTÁRTICA
E aquela ali quase pelada, amassando a latinha?
É mais uma DEVASSA que consumiu TEKILA.

PARATUDO! Pensa, calcula: gole + gole = suicídio, você morre
Menos consciência + mais propaganda + doses e doses = cirrose
Com isso, só nos DOMUS mal, desnutrição do corpo e manipulação da mente
Realidade da capital que em cada esquina tem um PRESIDENTE.

Por: Quadrilha Intelectual

domingo, 11 de março de 2012

Poesia de Oitto faz parte de novo trabalho do Markão Aborígine



O vídeo acima integra o projeto Aborígine: Juventude, cultura e cidadania, idealizado e promovido pelo artista em tela.

Trata-se do oferecimento de oficinas e palestras de formação em escolas públicas do Distrito Federal e demais entidades, cujo os temas abordados vão de drogadição - conforme vídeo acima - a história local e política. A atividade já percorreu por mais de 80 instituições, dentre escolas, ONG's e grupos de jovens.

A produção do vídeo foi feito em parceria com o artista Fábio Torres,conhecido e talentoso ilustrador de São Paulo, cuja proposta principal é aproximar o debate sobre o consumo de tabaco à crianças e adolescentes.

O projeto teve inicio em 2006, mas três anos depois ganhou CD e Revista, que foram distribuídos nestes espaços. Uma canção intitulada 'Pretérito Imperfeito' fora transformada por educadores em um roteiro de oficina e esta ministrada pelo Rapper.

O vídeo, faz parte de um DVD composto ainda por Extra com entrevistas, fotografias das atividades e clipe animado da música Pretérito Imperfeito. O mesmo será distribuído gratuitamente em escolas públicas de Samambaia - DF.

FICHA TÉCNICA

Artista: Aborígine
Poesia: Viúvo
Autor: Oitto
Animação: Fábio Torres
Apoio: Coletivo ArtSam, Dnego Produções e Prêmio Preto Ghoez
Gravado por: DJ Liso

CONHEÇA O ARTISTA


Blog: http://aboriginerap.blogspot.com
Músicas: http://palcomp3.com/aborigine/#
E-mail: aboriginerap@gmail.com
Telefone: 061 - 9602 6711 e 9116 9950

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Confira a letra de 'O Circo'. Nova música de Markão Aborígine


O Circo

E pessoas pequenas, vulgarmente chamadas de anões
Por tempos atrações de circo como aberrações
Humanidade prepotente, arrogante
Transformam doentes em homens elefante

Por diamante, pau Brasil, ouro e prata
Escravizam! Justificativa: não possuem alma
Por quanto tempo esconderam atrás da Palavra a ganância
Industria farmacêutica que propaga falsa esperança

Com discurso da cura, injetam o câncer na África
Assim se lucra, extermine o povo, resta a terra farta
Acabar com a miséria ou com os miseráveis?
Resposta capitalista: ogivas nucleares

Semelhante a África eu vejo o agreste, o sertão
Olhados com asco pelo resto da população
No sul só são Baiano, Paraíba
Na novela, fofoqueiro, prostituta interpretada pela artista

No Piauí, família gaúcha compra terra, planta soja
Para a vista o sofrimento a preço de esmola
Nessa horas eu vejo Hitler presente
No homossexual ferido com a lâmpada fluorescente

Até quando a gente não vai compreender o amor
Como verbo até divino e não somente pornô
Reality show, musa do carnaval, hit do verão
Que faz criança de 3 anos rebolar no chão

Amassa a latinha que o pai bebeu
Entorpecido, agressivo, na esposa bateu
Logo a criança reproduziu
O palavrão que na televisão ouviu

Monitor hostil, propaga discriminação
Na turma da Mônica, o negro não banha – Cascão
Até que o negro entra na programação
Faustão anuncia: Beleza feminina, mulata, marrom bom bom

Que atendem a industria do sexo
Em cada propaganda de cerveja, mulher objeto
Dia Dia, Note e Anote, Mais Você, não importa o nome
Na TV mulher é moda, receita, cozinha, silicone

Na nação patriarcal, nada surpreende
A mulher é apenas um A entre parênteses
Segundo plano, remuneração alguma
Tríplice jornada, e até o Rap trata como vagabunda


A cada um e cada uma, escute a voz que canta
Que o homossexual não seja a extravagância no programa
O despertar das risadas
Sempre o motivo das piadas

Humanidade amarga, imbecil, inumana
Não consegue sentir,não sorrir, nunca ama
Não é segredo pra ninguém
Quem tem preconceito, levanta o dedo. Uai, não tem ninguém?

Ainda bem... Que canto mentiras, mas não
Aonde você guarda a discriminação?
Na piada da escola que se chama bulling
Ou no apelido inocente, cruel e rude?

No vomito forçado com vergonha do corpo
Pra atingir o padrão de beleza da Globo
Que nunca será atingido
Por ginástica, plástica, cosméticos e lipos

Pois esse padrão só resulta em bulimia
Osteoporose, fobia, anorexia
E na vitrina, um só manequim, um só peso
Como se não existissem obesos

Acuados na roleta do ônibus
O Capital que vende fritura, também vende redução do estomago
Até quanto a humanidade marchará em re
Transformando em um circo de aberrações a beleza de Soleil.

Nós não somos diferentes
E sim diversos

Mas também somos monstros
Não por fora, mas aqui dentro

Nós que julgamos e excluímos
Nós sim somos as aberrações e ao mesmo tempo os palhaços


Markus Dantas
Aborígine

ESCUTE: http://www.youtube.com/watch?v=0i5cLj9OEQE